“Em meados de outubro de 2014, numa clínica de acupuntura, conheci um membro fraternista, o Léo. Conversando, contei a ele que eu estava muito angustiada, porque meu marido estava em tratamento contra o câncer e sofrendo. Lidar com o doente, sobretudo alguém que amamos, é sofrido, desgastante, porque somos impotentes e limitados.
Apesar de ser uma pessoa de muita fé, eu chorava muito no silêncio do meu quarto para acalmar minha dor. E fora do quarto, quando encontrava alguém que me perguntava dele.
Léo então me disse que conhecia uma médium, que morava em Belo Horizonte e que vinha a cada vinte dias a São Paulo para obrar junto aos doentes. Perguntou se eu gostaria de uma visita dela. Respondi que sim, evidentemente.
Apesar de ser católica praticante, visando principalmente as pastorais sociais, nunca tive preconceito com qualquer outra religião, credos que têm como inspiração o Bem Comum.
Recebemos com muito carinho a Maria em nossa casa, ela chegou jogando o tênis porta fora, sentou-se no tapete em frente ao Roberto, pegou em suas mãos, como se já o conhecesse, conversou com ele, pediu que se deitasse e aplicou-lhe o passe. Pediu que eu me deitasse no tapete e aplicou em mim também.
O que me chamou atenção nessa primeira visita: a simplicidade, o abraço amoroso, gostoso, que nos afaga a alma. Ofereci um envelope com uma oferta para a viagem e ela rejeitou e me disse que eu poderia ajudar de outra maneira, mas ela não podia aceitar.
Colocaram-me no grupo da Fraternitas, mas como não conhecia ninguém e não tinha tempo para participar de absolutamente nada, me limitava a ler as notícias pelo WhatsApp. A sede da Rua Diana, as primeiras sopas, mais pessoas participando, as marmellatas, o bazar… Foram sucessivas visitas durante os meses que se seguiam. Maria e seus acompanhantes sempre foram bem-vindos em casa. Kitty foi ver meu marido no hospital, aplicou-lhe passe e ficamos muito felizes. A doença, o hospital, tudo nos deixa muito carentes. Como faz bem uma visita que nos anima, nos conforta….
Maria chegou a me dizer que as primeiras vezes que ela veio em casa, eu estava pior que ele, meu copo estava transbordando. Ela sempre ajudou a fortalecer minha fé. É o que ela me dizia toda vez que vinha: Fortaleça-te, minha Irmã, Serena-te!
Sempre enfrentei as dificuldades da vida, mas com esse auxílio precioso, com esse carisma da nossa Maria, me sentia mais fortalecida e passava isso tudo aos meus filhos, que também sofriam ao ver o querido pai se esvaindo. Ele se foi em maio de 2015. Deixou uma saudade danada. Sabemos que a morte é uma constatação, mas temos que vivenciar o luto e aos poucos tenho compreendido, com a ajuda da Maria, da Kitty, de outras queridas pessoas que compõem o grupo da Fraternitas, a lidar com essa mudança de vida.
Dois meses após sua partida, achei que já era hora de começar a retribuir um pouco de tudo que tínhamos recebido. Tenho colaborado sempre que possível, a fazer os pãezinhos, as sopas, a distribuição nas vias públicas. A divulgar e arrecadar junto aos familiares e amigos essa obra tão bonita. Apesar do calor, forno quente, etc, tem sido muito agradável esse trabalho de equipe, onde não existe competição, mas a colaboração de homens e mulheres de boa vontade a praticar a solidariedade.
Esse ano (2016), tivemos a alegria de ter a Maria e o Marcos mais próximos de nós, com a mudança de BH para São Paulo.
Comecei este ano (2016) a participar dos encontros de instrução, que acho ótimo, mesmo porque nunca tive essa prática religiosa. Fui convidada a participar do Ministério Fraternitas, como responsável pelo Ministério da Elevação, que tem como objetivo promover nossos encontros festivos com dois objetivos, primeiramente estarmos juntos como irmãos, confraternizando-nos e angariando fundos para o Instituto Beneficente Fraternitas Nosso Lar, em Ibiúna, SP. Um sonho, uma utopia?, perguntei. Ao que Maria respondeu: Todos começam pequenos. E isso é verdade, se lembrarmos que Jesus começou com 12 apóstolos e que se multiplicaram aos milhares nesses 2.000 anos de história em todos os confins da Terra.
Com minhas limitações tem sido um prazer participar porque “Fazer O Bem, Faz Um Bem!!!!”
Acho admirável o trabalho dessas duas queridas irmãs, Maria e Kitty (elas não se cansam), sempre disponíveis a nos ouvir e atender. Só tenho que agradecer a todas e todos com quem tenho convivido e partilhado minha vida.